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sábado, 1 de agosto de 2020

Isaurian - Chains Of Blue - 2020 - Download


Gênero: Post Metal, Shoegazing

01. Vanity Mirror
02. Pythoness
03. Dead Garden
04. Constant Glow
05. The Oceans
06. To the Shore
07. Reaching Hands
08. With Solace
09. Chains of Blue

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Eis que de repente o estilo Shoegaze se torna um grande referencial para o Heavy Metal atmosférico a partir dos anos 2000. O caminho para as minas foi cantado (se não foi descoberto) pelo músico francês Neige, que fez da sua banda Alcest a criadora do chamado Blackgaze, junção do Black Metal com o Showgaze. Também, muito daquilo que é enquadrado no chamado Post Rock, ou Post Metal, bebe da fonte “shoegazeana” de Slowdive e My Blood Valentine. Dentre este time, inclui-se o Isaurian, banda brasiliense fundada em 2017 e que recentemente lançou o seu primeiro álbum de estúdio, Chains Of Blue.


O som do Isaurian se encontra na interseção do Post Rock com o Doom Metal, com ritmos lentos e paredes de guitarras pesadas servindo de alicerce para que melodias etéreas e efeitos limpos sejam combinados a fim de formar uma bela e ao mesmo tempo densa paisagem musical. O Isaurian foi fundado pelo guitarrista Jorge Rabelo, integrante da banda de Metalcore Optical Faze, para continuar fazendo música enquanto sua banda principal está parada. Experimentando novas facetas musicais diferentes do pesado e agressivo Metalcore, Jorge se aliou a alguns músicos para fundar o Isaurian, o que rendeu num período de dois anos o lançamento de dois EP’s, All The Darkness Looks Alive (2017) e Dead Flower Of Youth (2018), sendo que o primeiro foi mixado pelo produtor canadense Rhys Fulber (Fear Factory, Paradise Lost) e o segundo foi produzido por Matt Bayles (Pearl Jam, Soundgarden, Mastodon, Isis, etc.).


Com a formação estabilizada em Jorge, que também é o vocalista, Hoanna Aragão (vocais), Guilherme Tanner (guitarras), Pedro Gabriel (teclados), Vicente Júnior (contrabaixo) e Roberto Tavares (bateria), a banda gravou Chains Of Blue com o produtor Kevin Ratterman, mostrando que cada vez mais se aproximam da excelência musical dentro do que se propõem a fazer.


Ao longo de seus confortáveis 45 minutos de duração, Chains Of Blue se mostra um álbum homogêneo e bastante bonito, transportando o ouvinte para um ambiente ao mesmo tempo calmo e frio, como assistindo do alto de um paredão natural as ondas do mar quebrarem na orla por volta de oito da noite. As guitarras distorcidas se misturam aos teclados, ora em forma de piano, ora de strings, para emoldurar o tão ambiente etéreo típico do shoegaze, como se percebe bem logo na faixa de abertura, Vanity Mirror. A sensação de hipnose e de viagem mental se reforça em Pythoness, onde os bends da guitarra parecem emular as caleidoscópicas e indescritíveis imagens formadas em nossa mente. Uma tônica ao longo de todo o álbum é o encontro e a harmonia das vozes de Jorge e de Hoanna, dona de uma interpretação doce e anestésica. A bonança agora dá lugar a uma certa revolta em Dead Garden, onde as distorções clamam por mais espaço e destaque. Constant Glow nos faz passear por uma tarde nublada em alguma praça isolada antes que sejamos transportados para um passeio pelágico e apreensivo de The Oceans.


De volta à praia, To The Shores retoma a mansidão perpetrada pelas primeiras músicas e monta uma parede poderosa de som graças ao peso das bases de guitarra e da condução nos tons da bateria, pintada pelo intermitente arranjo de piano. A faceta Doom Metal se apresenta mais proeminente em Reaching Hands, onde vocais serenos tentar ocupar espaço ante a berros e peso no refrão. O Slowdive é evocado na pura Shoegaze With Solace, que deságua num passeio pela praia ao som da faixa-título, que começa somente com um violão, um timbre atmosférico de teclado e a voz aveludada de Hoanna, antes que a bateria e as guitarras distorcidas deem o ar de sua graça pela última vez num final apoteótico e consolador.


Como não poderia deixar de ser, os proeminentes efeitos de guitarra capitalizaram toda a atmosfera do álbum e, juntamente as levadas tranquilas da cozinha e as providenciais camas de teclado, deram vazão a uma energia anestésica e contagiante, capaz de levar o concentrado ouvinte a uma alucinógena viagem por paisagens desconhecidas e jamais desbravadas. Apesar dos timbres distorcidos e caroçudos, tudo foi muito bem mixado e equalizado por Kevin Ratterman, que soube manter a primazia das guitarras sem deixar enfraquecer ou desmerecer os papeis preponderantes dos demais instrumentos, com destaque para os ótimos timbres de bateria. Os vocais de Jorge e de Hoanna são um show a parte; seu caminhar de mãos dadas é sempre harmonioso, como duas fitas que se entrelaçam uma na outra para formar uma única espiral.


Chains Of Blue é um álbum que precisa de concentração e calma para ser bem compreendido e absorvido. Não se recomenda ouvi-lo de maneira descompromissada sob o risco de você criar um mau julgamento do Isaurian. Mesmo com pouco tempo de estrada, o sexteto brasiliense já se posiciona como um dos melhores e mais importantes do Post Rock brasileiro. Fica o desejo de que a banda refine ainda mais a sua criatividade para melhorar o que já está muito bom, tendo em vista que isso é claramente possível. Quais surpresas o Isaurian pode nos reservar no futuro se explorar ainda mais a sua ousadia?

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