Lançado em 2003, “Force Against Mind” é um marco na carreira da banda paulistana “Andralls”, e nada melhor que comemorar os 20 anos de seu lançamento tocando o álbum na íntegra. O show aconteceu na Red Star Studio, em fevereiro de 2023. Alex Coelho (vocal e guitarra), Andre Mellado (baixo) e Alexandre “Xandão” Brito (bateria) estavam com sangue nos olhos — A fúria do material antigo, com algumas mais recentes criaram um clima propício para o caos.
Logo de cara, o estilo “fasthrash” pega fogo na dobradinha “We Are the Only Ones” e “Two Sides”. Ambas são uma sequência de tirar o fôlego por seu instrumental agressivo, sem tempo para o fã pegar fôlego. Interessante como o trio soa bastante coeso neste ao vivo, e o mais legal é que a mixagem foi bem fiel ao que aconteceu naquela noite, não transformando o som em algo plastificado ou tirando a fúria característica do Andralls, o ouvinte se sente como estivesse realmente no meio “bate-cabeça”! O tracklist contém 15 faixas, com um pouco menos de 60 minutos de duração, fazendo com que o ouvinte tenha uma boa absorção de toda a celebração.
Antes de começar as comemorações, “Unexpected/Fear Is My Ally”, uma aula ministrada por Alex Coelho, gritos ensandecidos e riffs cortantes sendo despejados para a alegria de todos de todos ali presentes. “Beyond the Chaos”, abre a parte especial do material. A música é aquela típica faixa que deixa qualquer fã de música pesada feliz, sua levada rápida numa boa ode ao thrash alemão dos anos 80. “Force Against Mind” é um trabalho brutal, com punch bem forte, então é de se esperar que ao vivo o material soasse mais “porrada”, e de fato é o que temos aqui. É impossível não “bangear” na arrasa quarteirão “Thrash Blood Mine”, que tem uma levada insana da bateria de Xandão. “Andralls On Fire part II” é uma verdadeira montanha-russa, com sua violência e cadência sendo o convite para o mosh pit, culminando no sempre maravilhoso refrão: "Andralls - Burning Tower, Andralls - Flames Devour".
A adrenalina segue em alta com as pedradas “Desire to Glority” e “Cocaine”, as linhas graves de Andre Mellado seguram muito bem a falta de uma segunda guitarra, mantendo tudo muito pesado. “The Shades of the Darkness” tem sua levada um pouco mais quebrada, um riff “groovado”, mais próximo de bandas como Machine Head ou até mesmo o Sepultura (fase “Chaos AD”), sendo assim, um dos maiores destaque de “Live Against”. Poucas bandas tem um poderio e inquietude tão forte no palco como o Andralls, e quem já assistiu alguma apresentação do grupo sabe do que estou falando. É absurdo como o álbum transpira energia em suas faixas. Bem, quando uma banda resolve tocar um clássico de sua discografia é entrar com o jogo ganho, mas são poucos que conseguem golear. O material tocado ao vivo ganhou mais vida, o Andralls soube elevar a precisão e violência das músicas fazendo um show correto, sem firulas, poucas palavras e muito “fasthrash” na cabeça de todos. “So Many Gods”, “Back from Nowhere”, “Enemy Within” e, a obrigatória e clássica “Andralls On Fire” fecham o disco do jeito que começou, pesadíssimo e agressivo.
“Live Against” é a constatação de uma banda que nasceu para incendiar o palco. Imperdível!!!