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quinta-feira, 24 de novembro de 2016

A Sorrowful Dream - Passion - 2015 - Download


Gênero: Gothic Metal, Doom Metal

05 - Ephemeral
06 - A Lullaby for Lunatics
07 - Solo Awakening
08 - In Hebetude
09 - Only Blood Knows

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LISTEN

 


Percorrendo os caminhos do Dark Metal desde a década de 90, o septeto gaúcho A Sorrowful Dream consolida nestes quase 20 anos de estrada como um dos principais nomes brasileiros do estilo. E isso concedeu o direito da banda dividir o palco com nomes importantes como Imago Mortis, Hibria, After Forever, Moonspell, além de participações no River Rock Festival. Na continuidade da difícil trilha do Heavy Metal Brasileiro, no ano de 2015, eles lançaram o seu segundo álbum de estúdio, que recebeu o título de Passion e sucede o ótimo Toward Nothingness (leia resenha) de 2009.


Novamente lançado de forma independente, Passion veio embalado em um luxuoso 'slipcase', que guarda sua obscura e atormentada capa, que foi criada por Tric Jonathas e teve seus processos de gravações, mixagem e masterização realizados pelo renomado Sebastian Carsin no seu Hurricane Studio em Porto Alegre/RS junto ao atual line up da banda, que é composto por Aurélio Martins na guitarra, Éder Alves de Macedo nos vocais, Geovane "Tuko" Lacerda no baixo, Josie Demeneghi nos vocais, Lucas Vargas na guitarra e violino, Mari Vieira nos teclados e Ricardo Giordano na bateria.


Prolusion abre o cd em um clima tenso e lírico com alguns gritos e caprichadas partes orquestradas para que o A Sorrowful Dream possa exibir seu Dark Metal com a agressiva Amálgama, onde os guturais de Éder Alves de Macedo e os operísticos de Josie Demeneghi transitem em uma atmosfera ora extrema, ora mais sinfônica envolvendo o ouvinte de uma forma como se enviasse um feitiço e conquistando nossa atenção. Depois em Entwined, eles mergulharam fundo em uma quase introspectiva composição, graças ao piano tocado por Mari Vieira, porém, seus furiosos vocais a transformam em algo próximo à um Doom Metal com claras passagens de Gothic Metal ambientado em um andamento de teclados sombrios e guitarras distorcidas, sendo que a longa canção sofre alterações em seus minutos expressando através da interpretação dos dois vocalistas um caótico conflito entre seus personagens.


E a raiva incontida dos vocais de Éder Alves de Macedo é elevada a níveis cada vez maiores até ser quebrada com a suavidade dos vocais de Josie Demeneghi na quarta composição de Passion, a faixa Silent Words, que exibe uma dualidade por trechos mais calmos e outros devastadores muito bem embasados em linhas instrumentais notáveis, onde não tenho como destacar um dos músicos em especial, pois, todos em harmonia atuaram com muita competência em cada parte.


Aos dedilhados que suavizam um pouco o estilo pesadíssimo do A Sorrowful Dream temos a Ephemeral, que é dotada de ótimas melodias dos guitarristas Aurélio Martins e Lucas Vargas, que levam a canção de linhas góticas passar por um fervoroso Dark Metal cheio de urros e melancolia, graças a atuação da vocalista Josie Demeneghi. Aliás nos solos de violino realizados pelo guitarrista Lucas Vargas isso fica mais evidente, e detalhe, a banda surpreende na canção aplicando trechos mais progressivos.


Com uma marcação realizada nos toques de piano de Mari Vieira e acordes tristes extraídos por Lucas Vargas em seu violino, a sexta faixa de Passion, cujo título é A Lullaby For Lunatics explode com os vocais urrados de Éder Alves de Almeida tal como se ele estivesse cantando um Black Metal em um ritmo instrumental saboroso junto aos encantadores vocais de Josie Demeneghi. E a forma que o septeto conduz a música exibe uma dualidade de personalidade muito grande, confirme ao escutá-la com mais atenção.


Em Solo Awakening somos expostos a uma harmonia mais tranquila e aos formosos vocais de Josie Demeneghi em uma composição mais sinfônica, que vai ganhando mais vigor até que Eder Alves de Macedo traga seu peso com o uso de seus guturais poderosos, que conferem uma aura sinistra à canção, onde percebe-se como os demais integrantes estão sincronizados com a proposta da banda por conta das inúmeras variações instrumentais realizadas com competência por eles , que aumentam significativamente o direcionamento da música e a torna um hibrido de Prog com Metal Extremo.


Na sequencia com nuances de Jazz e um mergulho nas linhas mais góticas temos In Hebetude, que vai elevando-se em seu decorrer graças a atuação dos versáteis vocalistas do A Sorrowful Dream. É impressionante e importante citar como eles modificam a estrutura da música de um caos coordenado para uma furiosa aniquilação sonora quando desejado. E antes do término da canção temos um momento de piano, bem mais deprimido ao som de violino, que é algo feito com muito primor pelos gaúchos.


Não parece que estamos se aproximando do final, pois, o disco é tão intenso e ao mesmo tempo denso, que no momento que começamos a ouvir sua penúltima música, a Only Blood Knows, que após alguns urros mais extremos traz a dupla Éder Alves de Almeida e Josie Demeneghi dividindo os vocais de uma forma muito vibrante e envolvente em um ambiente de baixo, bateria, guitarras e teclados para se tirar o chapéu, ainda mais em seus trechos mais rápidos e nervosos, que passam por várias alterações inesperadas e terminam de forma amena e triste.


Coube à canção título, a Passion e seu notório andamento tenso vindo da combinação de piano, guitarras e teclados encerrar o cd e o A Sorrowful Dream infundiu em linhas sinfônicas cheias de cólera nos vocais de Éder Alves de Macedo, que sempre contrastam com os angelicais de Josie Demeneghi. Interessante enfatizar também como eles criaram entre uma melodia serena um estilo angustiado nos vocais mais ao final da música.


Por ser um disco tão complexo musicalmente falando com variadas alterações de andamento o tempo todo, climatizações, experimentalismo, passagens claras por Gothic Metal, Rock Progressivo, Doom Metal, Symphonic Metal, Passion é um álbum que serão necessárias várias audições para que se consiga absorver tudo o que o A Sorrowful Dream desejou nos mostrar em seus 53 minutos, que de tão intensos, consistentes, únicos e diferenciados que são te deixarão ligados em cada um deles. É... os gaúchos voltaram com um cativante lançamento.

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