Gênero: Heavy Metal, Doom Metal, Progressive Metal
1. The Prison
2. The Second Sun
3. Galactic Empire Of Doom
4. Black Wolf (Bonus Track)
5. Dead Planet (Bonus Track)
2. The Second Sun
3. Galactic Empire Of Doom
4. Black Wolf (Bonus Track)
5. Dead Planet (Bonus Track)
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Netuno é o oitavo e último planeta do Sistema Solar, de acordo com sua distância até o Sol. Sua órbita representa uma importante fronteira dentro de nosso lar espacial, tanto que tudo que existe após Netuno, nos confins do Sistema Solar, é chamado de “objeto trans-netuniano”. Incluso nesta categoria está Plutão, outrora planeta, hoje rebaixado à classificação de “planeta-anão”. Netuno é um gigante gasoso de cor azul e sua atmosfera é composta predominantemente de hidrogênio e hélio, que são movidos pelo calor irradiado de seu núcleo rochoso a uma perturbadora velocidade de 2000 Km/h, o que credencia os ventos netunianos como os mais velozes do Sistema Solar.
Distante quase 4 bilhões de quilômetros, na Terra, mais precisamente na cidade de Fortaleza, uma banda adotou o nome do gigante planeta azul, o Netuno Doom. E sim, se pelo nome da mesma você sacou que eles tocam Doom Metal, acertou. Todavia, dizer que uma banda toca Doom não quer dizer quase nada, tendo em vista que o Gênero Maldito é metamórfico e é o mais maleável dentro do Metal. A banda formada por Adriano Alves (guitarras, vocais), Hewerson Freitas (contrabaixo) e Bosco Lacerda (bateria) se envereda pelo caminho sujo e canábico da coisa, praticando um amálgama de Stoner e Sludge com doses generosas de Progressivo. O fato de a banda ser homônima a um planeta não é por acaso. Suas letras abordam ficção científica e o chamado “horror cósmico”, onde histórias horripilantes e repulsivas se passam em lugares distantes de nosso planeta-natal. Desde a legendária entidade lovecraftiana Cthulu até teorias que tratam transformar Júpiter em uma estrela e civilizações colonizadoras no mais distante ponto do Universo. Mas quem garante que tais contos não podem ter um fundo de verdade? O Universo é tão imenso que a imaginação humana não consegue conceber o seu tamanho. Ao mesmo tempo, é essa mesma imaginação que pode nos transportar à estes mundos distantes. E a trilha sonora mais adequada para este tipo de viagem é o Doomzão chapado! Quiçá, o próprio som seja o transporte…
Pois bem. Em 2018 o Netuno Doom lançou o EP The Universe The Prison, trazendo consigo três faixas inéditas e duas regravações do EP anterior, Black Wolf. A introdução da primeira faixa, The Prison, feita em sintetizadores com timbres cósmico/futuristas, pavimenta o caminho para que o power-trio passe com sua hecatombe sonora. A guitarra pesadíssima de Adriano Alves tem como escudeiro o baixo altamente distorcido e adiposo de Hewerson Freitas. Ambos caminham sob a escolta da bateria precisa, técnica e lenta de Bosco Lacerda. Os sintetizadores também acompanham a marcha da destruição profundida pelo trio. Seus arranjos muito bem elaborados incrementam o clima mórbido e cósmico que caracteriza o som do Netuno Doom (só faltou a banda creditar o tecladista responsável).
A segunda faixa, Second Sun, já era mais conhecida por quem acompanhava o trabalho da banda por conta de seu videoclipe. Aqui, Adriano começa a apostar na versatilidade de seu vocal, trocando com naturalidade seus berros nativos do Sludge por guturais agressivos. A hecatombe cósmica continua em Galactic Empire Of Doom, cuja letra invoca H.P. Lovecraft e a libertação de Cthulu para criar o Império da Destruição. Seus quase nove minutos passam rápido, pois a criatividade da banda torna a composição progressiva e empolgante, apesar de sua marcha lenta. O mesmo comentário pode ser aplicado para as duas faixas seguintes, Black Wolf e Dead Planet, ambas egressas do EP anterior. A primeira traz um sentimento empoeirado setentista em sua seção do meio, criada pelos solos cheios de efeitos e pela condução leve de contrabaixo e sintetizadores. A outra aposta mais em velocidade, dando uma dinâmica ainda maior ao trabalho.
Resultado: temos aqui um som com identidade, onde elementos que, isolados, aparentam não ter um ponto em comum, criam um belíssimo trabalho musical ao serem unidos. E não é qualquer músico que consegue juntar com eficácia elementos musicais díspares. No caso do Netuno Doom, é como se emergisse uma parceria de High On Fire com a experimentação de algum grupo do Krautrock alemão. O EP totaliza quase 38 minutos e sua produção é bem satisfatória levando em consideração a proposta sonora da banda. As guitarras e os baixos soam pesadíssimos e sujos, como o estilo exige, ao mesmo tempo que a mixagem os deixou bem nítidos aos ouvidos. Especialmente o baixo, cujas linhas melódicas as quais Hewerson gosta de abordar seguram bem a barra quando a guitarra de Adriano vai solar. Só senti falta de uma força maior no caixa da bateria, cujo timbre agudo pede um pouco mais de volume. Além disso, causa um certo incômodo o timbre do bumbo. Tive a impressão de estar ouvindo algo como se fosse o som de um cowbell misturado ao do bumbo, algo que fica mais perceptível quando o pedal duplo está em ação. Quanto a técnica do baterista, esta sim é irretocável. Não à toa, ele também toca na veterana banda de Thrash Metal Darkside.
Fugir do clichê em termos de Doom Metal é tarefa para poucos. Recursos não faltam: o ritmo lento do gênero abre espaço para que a criatividade do compositor aflore e apresente sua própria interpretação de Doom. Os cearenses do Netuno Doom dominam com perspicácia esta habilidade, entregando com este EP um dos melhores trabalhos de Stoner/Sludge de 2018. O som da banda é tão pesado e criativo que é bem capaz de ser reverberado para as trevas exteriores e congelantes do Universo. Talvez, os ventos violentos do planeta Netuno tenham ganhado um boost extra graças a esta reverberação.
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