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domingo, 3 de agosto de 2025

Vertebra - The Same - 2025 - Download

 

Gênero: Death Metal

1. Oblivion
2. Behavior in the Eyes
3. Humanity
4. Behind the World
5. Overcoming the Void
6. 10.000 and One Nights
7. The Same
8. Architecture of Perspective
9. 95 Eyes
11. Blessed Are the Forgetful

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“The Same” é o novo trabalho do Vertebra, um álbum conceitual que mergulha nas fissuras da repetição social, na alienação do mundo moderno e na luta silenciosa por pensamento crítico e autonomia. Com 11 faixas gravadas nos estúdios Undercave (Florianópolis), Aleph (Porto Alegre) e finalizado no Tiago Studio, o disco foi produzido de forma totalmente independente, sem concessões. O resultado? Um registro extremamente técnico, visceral e, acima de tudo, bonito de se ouvir , no sentido mais brutal da palavra. Musicalmente, The Same é um passo firme na consolidação da identidade do Vertebra. A banda alcança aqui uma maturidade absurda, com arranjos bem estruturados, produção limpa, mas agressiva, e riffs que homenageiam sem imitar , é impossível não sentir a presença de Chuck Schuldiner em diversos momentos, principalmente nas escolhas melódicas e no entrosamento entre as guitarras. É Death Metal no espírito, mas com personalidade própria.


A coesão do Vertebra se reflete na entrega de cada integrante: Arildo Leal comanda as guitarras e vocais com precisão cortante, construindo riffs que são tanto agressivos quanto melódicos; Fernando Luzardo, nas guitarras, complementa com harmonia e peso, criando camadas densas e bem equilibradas; Tiago Vargas, no baixo e vocais, entrega linhas firmes, criativas e fundamentais para a força rítmica do álbum , sua presença é sentida em cada segundo; e Cristiano Hulk, na bateria, guia tudo com brutalidade técnica, mantendo o caos sempre sob controle. O entrosamento entre os quatro é evidente: não há excesso, não há ausência , só entrega total. A jornada começa com Oblivion, que já entrega uma abertura potente, sem firula. A linha de baixo se destaca de cara: encorpada, técnica e com dinâmica própria. É um som que chama atenção tanto pela execução quanto pelo sentimento. A faixa já deixa claro que o disco veio pra ser ouvido com atenção , não é barulho por barulho. É barulho com direção.


Behavior in the Eyes, que já havia sido apresentada como single, confirma tudo isso. O riff inicial é uma aula de precisão e agressividade. É impossível não lembrar dos tempos de Symbolic ou Individual Thought Patterns, tamanha a fluidez da palhetada e o bom gosto das variações. A faixa cresce, alterna bem entre momentos mais diretos e passagens mais intrincadas, sem perder coesão. E tudo soa natural. Na sequência, Humanity questiona não só no conteúdo lírico, mas também na construção sonora. Os vocais guturais ganham destaque aqui , secos, firmes, muito bem encaixados. Há uma tensão crescente que culmina num dos momentos mais marcantes do álbum: o coro “HU-MA-NA-TY” cantado em uníssono, que arrepia não só pela força, mas pela sinceridade da entrega. Behind the World acelera o disco com uma bateria violenta e precisa, sem exageros. Os blasts são bem colocados e deixam espaço para a respiração dos riffs. Aqui, o peso e a melodia se equilibram com habilidade. A sensação é de urgência , como se tudo estivesse prestes a desabar, mas ainda assim com ordem.


Overcoming the Void traz um dos momentos mais ousados do disco. É densa, trabalhada, com estruturas que se entrelaçam e desafiam o ouvinte, mas nunca confundem. Uma faixa “experimental” no bom sentido: as melodias parecem desconectadas em certos momentos, mas tudo se encaixa no final. É técnica servindo à emoção. O vazio, aqui, é superado com som , e que som. 10.000 and One Nights é uma joia instrumental. Os riffs brilham com elegância, em frases que lembram o lirismo técnico de Schuldiner, mas com assinatura própria. É daquelas faixas que poderiam durar o dobro sem cansar. Uma homenagem à guitarra bem feita, sem exagero nem exibicionismo.


The Same, a faixa-título, resume a proposta do álbum: é pesada, direta, com alternância entre passagens cadenciadas e momentos de ataque frontal. O clima opressivo é construído com detalhes , harmonias dissonantes, pausas bem posicionadas, e uma execução tão limpa que permite absorver cada nuance da composição. Architecture of Perspective traz novamente a banda brincando com estrutura e tempo, explorando contrastes sem perder a agressividade. É uma música que exige do ouvinte, mas recompensa com camadas ricas. A crítica à forma como vemos o mundo se traduz em riffs angulados, como se questionassem o ouvinte a cada nota. 95 Eyes é sombria, quase paranoica. Há um peso emocional aqui que transborda nos vocais, que soam cansados , no bom sentido. Cansados de olhar, de serem olhados. O instrumental acompanha, criando um clima de tensão crescente, como se algo estivesse sempre prestes a acontecer.


Fanatic and Picturesque alterna brutalidade e ironia com maestria. Os riffs são secos, certeiros. A estrutura é mais reta, mais direta, e isso só reforça o conteúdo: por trás do “belo” pode estar o mais cruel. É uma faixa forte, com refrão marcante e riffs afiados como lâmina. Por fim, Blessed Are the Forgetful fecha o álbum com amargura e lucidez. É um encerramento melancólico, mas não derrotado. O instrumental é cadenciado, arrastado, como se carregasse o peso de tudo que veio antes. A mensagem final , que esquecer é um alívio, mas lembrar é necessário , fica martelando na cabeça. Não há exagero, só verdade.
The Same é um disco feito com cuidado, peso e propósito. É brutal sem ser gratuito. Técnico sem ser frio. Emocional sem ser melodramático. A produção independente não impediu o Vertebra de entregar um trabalho extremamente profissional, digno de figurar ao lado dos grandes nomes do gênero. E se há algo que esse disco prova, é que ainda há espaço para beleza dentro do caos , desde que você tenha ouvidos para ouvir.

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