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sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Val Santos - 1986 - 2021 - Download

 

nero: Heavy Metal

01. Fire
02. Cross The Line
03. Destruction
04. Dreamer
05. Dead Words
06. Allied Forces (feat. Leandro Caçoilo)
07. Miracle
08. Super Heroes
09. Savage Hearts
10. Desert Of Ideas
11. Warriors Of Metal

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Val Santos é meu amigo há uns 35 anos. É fundamental colocar isso no início da resenha por dois motivos: 1) me confere o direito de atropelar nossa relação e não falar com ele para não ser influenciado na hora de escrever. 2) me confere o dever de avisar você, leitor, para que saiba que garante honestidade na hora de escrever. Feito o preâmbulo, estou falando do disco 1986, que ele lança agora.


Val, me desculpa, mas se a intenção foi relacionar a obra ao som que ouvíamos nessa época a que se refere no título (ano em que nos conhecemos, aliás, e você era mais da pirotecnia – piada interna com a tentativa dele de incendiar o Colégio Rio Branco – do que roadie do Viper) o batismo do disco traduz só metade do resultado final.


1986 é um Discaço, com D maiúsculo. Mas emula bem mais que o miolo da década em que vivemos o heavy metal como ninguém mais no país.


Era imediatamente pós-Rock in Rio 1, quando os repórteres globais tentaram nos cunhar com o termo metaleiros, do qual fugíamos como vampiros de alhos e cruzes, pois nos achávamos (e denominávamos) “headbangers”.


Só que de cara “Fire” flerta em peso com outra new wave of heavy metal, a contemporânea e norte-americana, puxada por Lamb of God e quetais. Tudo bem que o Metallica tá bem representado no vocal de Alexandre Grunheidt (não por acaso cantor do tributo à banda, Damage Inc., e também do Ancesttral) e na guitarra do filho do Andreas, Yohan. Mas convenhamos que a força maior está na nova onda de metal americano.


“Cross the Line” vai pelo melódico do seu tempo de batera do Viper, com o ex-Scars Thiago Oliveira, e se situa no radar do título do disco. “Destruction”, com sua pegada “Damage Inc.” (a música) encontra Anthrax, apesar dos arranjos e pitadas de século 21 em dramaticidade, também cabe no pacote 80s.


Mas “Dead Words”, mesmo que levada pelo nosso irmão em comum e que nos apresentou, o guitarrista Felipe Machado, vai mais para o Soundgarden baixando a afinação a elogiar o Black Sabbath na cavalgada rítmica.


“Dreamer”, “Miracle” e “Super Heroes” pegam bem a nossa descoberta do metal melódico quando nem levava esse nome. Aliás, quem o protagonizou primeiro: Helloween ou Viper? Tenho por mim que cabeças geniais pensam iguais e que ambos estavam a criar uma vertente sem que soubessem um do outro.


Mas estou divagando e fugindo do disco. Desculpe.

“Dreamer” e “Super Heroes” têm o mesmo vocal – Bruno Mariante Gracioli – e a mesma pegada NWOBHM (agora sim a britânica dos early eighties) nas guitarrinhas melodicamente dobradas. Ah, como eu queria ter a capacidade para fazer isso naquele tempo.


Ensanduichada está (talvez) a melhor cover de hard rock oitentista que já ouvi. “Allied Forces”, que já era perfeita com o Triumph desde que a conhecemos nas exibições do “US Festival 83”, no Rock Show (acho que vi todas as sessões quando passou), ganha um frescor com o nosso outro brother of metal no baixo, Nando Machado, e com o Leandro Caçoilo no vocal (aliás, como canta esse cara! Não tem nota que ele não alcance).


“Savage Hearts” é como uma descoberta de riff do Vivian Campbell de seus tempos de Dio, “Desert of Ideas” igualmente segue a dinâmica e estrutura do eterno Holy Diver em tantas variações e cadências quanto cabe em seus 5m39s instrumentais e fechamos com “Warriors of Metal”.


Tá legal, Val. Aí sim fizemos justiça a 1986. Era a sua resposta a “Heavy Metal is the Law”, do Helloween, aposto. Isso quando você tinha o Zuris – até resgatou o vocalista, Mauro Coelho, e ainda chamou o Marquinhos (Marcos Klein, atual Ultraje a Rigor), que tinha o Exhort com o Nando (por que, raios, você não foi baterista da banda então?).


Todo o nosso 1986 está aí. A afirmação de que éramos/somos os guerreiros do metal, tanto quanto o Korzus.


Sabe o que me lembra isso? 10 anos depois (de 86) quando jogamos o Rock & Gol como Viper e você era o técnico. Ayala no gol, Vadão, Yves, Felipe, Pit, Marquinhos e eu na linha e entramos cantando a defesa do gênero (“Au, au, au, espada do metal” – deve ter isso no YouTube). E que década a década você e os brothers of metal relacionados acima continuam me/nos enchendo de orgulho.


Baita, baita disco esse 1986. Você não eternizou a década, eternizou muito de nossas vidas na música.

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