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sábado, 15 de setembro de 2018

Warrel Dane - Shadow Work - 2018 - Download


Gênero: Progressive Metal, Groove Metal

01 - Ethereal Blessing
02 - Madame Satan
03 - Disconnection System
05 - Shadow Work
06 - The Hanging Garden
07 - Rain
08 - Mother Is The Word For God


LISTEN



E temos aqui, a “obra final” do grandioso vocalista Warrel Dane. Seu segundo álbum solo, lançado postumamente. O sucessor de “Praises to the War Machine” (2008). E “Shadow Work” que em princípio seria um álbum de covers com versão Heavy Metal, segundo sugestão da gravadora Century Media, acabou virando um projeto autoral, o que acabou dando um brilho ainda maior ao último trabalho de estúdio de Dane.


E quem acompanhou sua carreira, seja no SANCTUARY, no NEVERMORE ou mesmo em sua empreitada solo, já sabia o que esperar. Em tantas entrevistas que a lenda concedeu, ele dizia que “Shadow Work” seria completamente diferente do antecessor, que seria um trabalho mais voltado ao Metal.


Não que “Praises to the War Machine” não fosse Heavy Metal. Ele tinha algumas coisas do estilo, mas era um trabalho compreensível, visto que ele queria mostrar outras facetas, e aquele não é um disco que agrada todos os fãs do NEVERMORE.


Já neste derradeiro álbum, temos 100% de Heavy Metal e sobretudo, de NEVERMORE. Tudo o que se ouve aqui nos remete, principalmente aos dois últimos registros da banda, “This Godless Endeavor” e “The Obsidian Conspiracy“


Mesmo que tenha sido uma obra inacabada, visto que o falecimento de Dane, em 13 de dezembro de 2017, tenha interrompido a conclusão do álbum, tanto a Century Media quanto os músicos brasileiros que o acompanham, Fabio Carito (baixo), Marcus Dotta (bateria), Johnny Moraes (guitarra) e Thiago Oliveira (guitarra), optaram por concluir a obra com o que tinham registrado até então. Claro que o fã do cantor vai sempre achar que é pouco um disco com apenas 8 canções, mas é uma forma honesta de se prestar homenagem a um cara que tanto fez pelo estilo. Ele o abraçou de uma forma única e não havia outra opção a não ser deixar o público conhecer o legado que Dane deixou.


Gravado no estúdio “Orra Meu”, em São Paulo em 2017 e teve produção, mix e master de Wagner Meirinho, da “Loud Factory” (conhecido por produzir TORTURE SQUAD, TRAYCE, etc…) e a arte gráfica ficou a cargo de Travis Smith.


Temos a abertura com uma intro, com a calmíssima “Ethereal Blessing”. E você ao escutar, fica impossível não remeter o clima dessa música a uma sensação de paz, logo vem à mente do redator a imagem de Dane em seu descanso eterno. É claro que não era a intenção dele quando compôs esta música, mas acabou caindo como uma luva, visto o que lhe aconteceria durante as gravações. A música lembra um pouco a clássica “Planet Caravan“, do BLACK SABBATH.


“Madame Satan” chega quebrando tudo. Confesso que era a faixa que mais me despertou interesse em escutar, muito por conta da história envolvendo a visita de Dane à homônima tradicional casa paulistana e como ele ficou petrificado com o clima que encontrou por lá. Musicalmente, a música é fantástica e o ouvinte desavisado pode achar que está ouvindo uma faixa inédita do NEVERMORE. A levada da bateria, muitas vezes lembra a da música “Born“.


“Disconnection System” tem um começo em que nos remete a outra música do NEVERMORE: My Acid Words, o que não chega a ser surpresa, pois Thiago Oliveira afirma ser esta a sua faixa preferida da banda. Mas a semelhança termina na primeira nota, pois a música se transforma em partes com muito peso, riffs pra lá de técnicos e partes mais atmosféricas em seu refrão, além da já conhecida influência prog. Destaque para as guitarras. Esta faixa já era conhecida por ter sido tocada ao vivo e fora o primeiro single deste álbum.


“As Fast as the Others” foi o segundo single. É um som digamos, mais comercial, que tem riffs igualmente bem elaborados, bem executada por todos os músicos e com um refrão grudento, além de um solo pra lá de genial. Boa música.


A faixa título, “Shadow Work” surge como a melhor composição. Muito peso, riffs intrincados, novamente bem intercalados com as partes mais atmosféricas ditam as regras por aqui. Sem falar na voz de Dane, que merecerá um parágrafo todo especial mais abaixo. Que música incrível.


Ai Marcus Dotta tratou de “estragar” tudo no cover do THE CURE, “The Hanging Garden“. O cara simplesmente começou arregaçando com sua virada de bateria logo de início. Eu não conheço a versão original e confesso que não tenho o menor apreço pela banda homenageada, mas com certeza, a roupagem “estilo NEVERMORE” que eles deram a música foi ótima, a mesma coisa que eles fizeram com “The Sound of Silence“, em Dead Heart in a Dead World. As guitarras com riffs muito bem tocados, aliados à poderosa bateria de Dotta são os pontos altos por aqui. Nunca imaginei que seria capaz de banguear ao ouvir uma música do THE CURE. E esse dia chegou.


“Rain” é uma balada em que aqui brilha a voz de Dane. Uma música que carrega a mesma atmosfera das anteriores e que conta com um solo espetacular, que dá à música o brilho que ela merece.


E finalizando a obra, temos a não menos excelente “Mother is the Word of God” e seus 9 minutos, que passam como se fossem 3. Um violino triste anuncia a chegada da música que tem várias partes diferentes, incluindo violão, mas que se transforma em uma música densa, pesada, épica. Uma música típica de fechamento de álbum. E na parte mais pesada, não tem como lembrar da faixa “This Godless Endeavor“, sobretudo pelo clima dramático que a música toma o rumo do meio para o final, que encerra da mesma forma que começou. Excelente música.


Quanto ao trampo dos músicos: simplesmente sensacional. Seria covardia eu compará-los com Jeff Loomis, Jim Sheppard ou Van Williams, os companheiros de Dane no NEVERMORE. Mas os brasileiros nos encheram de orgulho, por terem feito um trampo tão bom, com muita técnica e feeling.


A produção, ótima. Wagner Meirinho está de parabéns e mostra que nossos produtores não estão devendo nada aos produtores gringos.


E quanto ao vocal… Ah, escutar Warrel Dane é sempre igual, sempre uma experiência fantástica. Mesmo que sejam gravações que foram da pré-produção, pois o destino não lhe permitiu concluir como ele gostaria. Mas da mesma forma que o redator que vos escreve sentiu a emoção quando escutou Dane pela primeira vez, em “Poison Godmachine“, é a mesma que ele sentiu ao escutar ao vivo em 2014 as músicas compostas pelo cara que o influenciou, seja com suas letras ou seu modo de ver o mundo, que me ajudou a tornar o adulto que hoje sou. A mesma emoção que ele sempre colocou na voz é a mesma que me fará sentir sempre que eu colocar qualquer disco que tenha a voz desta lenda imortal, até o último dia da minha vida.


Cravo que este, é o melhor lançamento de 2018. E que legado. Obrigado Warrel Dane. Sentimos muito a sua falta.

4 comentários: