Gênero: Groove Metal
1. Zodiac
2. I and I (One Life, One Matter)
3. Defying the Power
4. United Obsoletion
5. Never Forgive, Never Forget
6. Higher
7. In Your Grave
8. Infernal Dogma
LISTEN
“Zodiac”, terceiro álbum completo dos catarinenses do As The Palaces Burn, marca um ponto de virada nítido em sua trajetória, que já acumula sete anos dentro da cena metal brasileira. Desde os primeiros segundos, fica evidente que a banda não está interessada apenas em repetir fórmulas já testadas, mas em consolidar identidade, maturidade composicional e presença sonora. O álbum soa robusto, bem definido e, acima de tudo, consciente do próprio peso — tanto musical quanto conceitual.Colunas portáteis
A produção entrega um equilíbrio coeso entre agressividade e clareza. As guitarras carregam densidade sem embolar, a bateria aparece com impacto e leitura precisa, enquanto o baixo sustenta a base com firmeza, sem desaparecer no conjunto. Nada soa excessivamente polido; há crueza suficiente para manter o caráter orgânico do metal, mas com refinamento técnico que amplia a força das composições.
Musicalmente, “Zodiac” transita por diferentes camadas do metal moderno, flertando com o Groove Metal, o Thrash Metal e o Heavy Metal mais melódico, além de apresentar momentos mais cadenciados e passagens que apostam na tensão atmosférica. O quarteto formado por Alyson Garcia (vocal), Diego Bittencourt (guitarra), Tiago Tigre (baixo) e Gilson Naspolini (bateria) demonstra domínio dos contrastes em todas as áreas das composições, com riffs diretos que convivem com construções mais elaboradas, alternando velocidade e peso de forma natural. Soma-se a isso o uso pontual de vocais limpos, que amplia significativamente a dinâmica emocional das faixas sem diluir sua agressividade.
A temática aborda conflitos internos, enfrentamentos e forças simbólicas que dialogam com o título do álbum, criando, em alguns momentos, uma sensação quase ritualística. Não se trata de um disco fragmentado em singles soltos, mas de um trabalho que funciona melhor quando ouvido como um todo, permitindo que suas nuances se revelem progressivamente.
Há faixas que se destacam pela força imediata — riffs memoráveis, refrões que grudam e mudanças de andamento que elevam a intensidade —, enquanto outras crescem com o tempo, ganhando relevância à medida que o ouvinte se familiariza com o álbum. Essa alternância reforça a ideia de que o disco não busca apenas impacto instantâneo, mas longevidade.
Se existe algum risco, ele está justamente na ambição; contudo, esse risco é contornado pelo bom gosto de seus compositores. Em certos momentos, o desejo de explorar diferentes caminhos pode, a princípio, tornar algumas transições menos diretas, exigindo maior atenção do ouvinte. Ainda assim, para quem busca musicalidade e não se contenta com a mesmice, o saldo é amplamente positivo. Trata-se de um preço pequeno diante do ganho artístico: o disco soa corajoso, inquieto e honesto em sua proposta.
No contexto do metal brasileiro contemporâneo, “Zodiac” se impõe como um lançamento sólido e relevante. Trata-se de um álbum que evidencia evolução técnica, amadurecimento criativo e uma visão clara de futuro. Não é um trabalho que atira para todos os lados; pelo contrário, apresenta direcionamentos bem definidos — sim, no plural —, ainda que não se proponha a ser um álbum revolucionário, o que claramente não parece ser a intenção da banda.
Trata-se, portanto, de um álbum consistente e sincero em sua proposta, daqueles que recompensam a audição atenta. Dentro desse conjunto, algumas faixas se sobressaem com mais clareza: A faixa-título “Zodiac” assume o papel de introdução definitiva ao universo do disco, condensando peso, energia e o atual momento técnico da banda; “Defying the Power” surge como um dos eixos centrais do trabalho, sustentada por uma composição sólida e uma mensagem direta; “Higher” aposta em intensidade constante e agressividade, evidenciando forte vocação para o palco; enquanto “In Your Grave” aprofunda o clima mais denso do álbum, apoiada em riffs secos e atmosfera opressiva. Já as porradas “United Obsoletion” e “Never Forgive, Never Forget” reforçam o lado mais técnico e extremo do repertório, ajudando a consolidar a unidade e a identidade sonora do disco.

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