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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Khorium - Forças Opostas - 2021 (EP) Download

 

Gênero: Thrash Metal, Hardcore

02 Punhos Erguidos
03 Judas
04 Mercadores da Fé
05 Muito Fala, Nada Faz
06 Ñorairõ
07 Brasil: Terra do Caos
08 Necropolitica (Eugenics Plan)
09 Lágrimas de Mãe

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Metal e Rap são dois gêneros musicais de abrangência gigantesca, que tiveram suas origens pelos anos 70 e explodiram no decorrer dos anos 80. Ao final desta última década, houve uma tendência de fusões, experimentações e misturas entre estilos, que, de certa maneira, tornar-se-ia a cara do que viriam a ser os anos 90. A união entre Rap e Metal – em sua expressão mais urbana, o Crossover Thrash – foi uma das que mais ganhou força, para desgosto dos puristas, e gerou um subestilo de muito alcance, que nasceu da ousadia e criatividade de artistas como Anthrax, Faith No More, Body Count, Stuck Mojo e Rage Against The Machine, entre outros.


Não demorou para que o Brasil, com legítima representação em ambas as frontes, revelasse alguns grupos nessa vertente, que hoje se encontra em plena maturidade e nos permite desfrutar de bandas como o Khorium, formada há relativamente pouco tempo, em 2017, mas com muito, muito a dizer.


E o discurso é algo forte no Rap. Quem conhece a obra de artistas como Racionais MC’s ou MV Bill, pode atestar sobre a qualidade das letras, e esse é um ponto preliminar à audição do álbum “Forças Opostas”, lançado agora em junho. Se ao longo do disco, você não sentir um sentimento crescente de raiva e indignação, então você não está prestando atenção nas letras. Há uma sequência de dedos na ferida que estabelecem o Khorium no lado certo do debate de ideias. Lado esse que fica muito claro a partir da capa, criada pelo artista Paulo Kalvo, que contrapõe a representatividade popular frente ao poder, agressivo, arrogante e sem empatia.


Nenhum desses detentores do poder teriam cacife para argumentar com o antropólogo Darcy Ribeiro, cuja voz faz a intro do álbum, em um discurso contra a escravidão em sua forma atual, soltando a deixa para a faixa-título, uma música de bastante peso, groove e os guturais do guitarrista e vocalista G. Moreira no refrão. Em seguida, “Punhos Erguidos”, uma das melhores faixas, com participação do rapper Tatto Paschoal, colaborando para a dinâmica da canção, que emociona e acalenta aquele sentimento combativo que jamais deve adormecer no peito de cada um.


De “Judas” até “Mercadores da Fé”, são reveladas as influências que vão de Body Count até Planet Hemp, sendo que o rapper Fellipin ajuda na crítica à odienta exploração da fé das pessoas, afinal o Espírito Santo espera por dez por cento do salário de seus seguidores, não é mesmo? E falando em participações, Jimmy London (Jimmy & Rats) fica bem à vontade em “Muito Fala, Nada Faz”, dado o andamento desta, mais afeito a um Rock direto e que tira sarro daquele tipo de “fã” que não sai da frente do computador, mas se sente na plena legitimidade de criticar os filmes que não assiste e as bandas que não escuta.


Lembra daquele sentimento de raiva que falamos anteriormente? Ele chega aos níveis vermelhos no momento em que escutamos e nos solidarizamos com as palavras de indignação da líder indígena Alessandra Korap, proferidas em uma reunião na Câmara dos Deputados em 2019, e aqui utilizadas para reforçar a mensagem incisiva de “Ñorairõ”. Depois disso, nós precisamos da catarse acelerada de “Brasil: Terra do Caos”, cuja porrada possui inspiração no Sepultura antigo, com a levada de bateria de Shalon Webster e do baixista convidado, Jeffin Rodegheri.


As duas últimas músicas, “Necropolitica (Eugenics Plan)” e “Lágrimas de Mãe”, são praticamente emendadas. A primeira é cantada em inglês durante sua maior parte, mas alguns versos em português, rappeados em sua metade, demonstram que há conexão lírica entre as duas. A violência diária no Rio de Janeiro – mas que pode ser aferida no contexto de tantas outras cidades – e a dor que fica no coração daqueles que perderam entes queridos neste fogo cruzado. O ritmo mais contido de “Lágrimas de Mãe” faz com que o álbum termine de forma reflexiva.


Esse é, portanto, o saldo mais que positivo de “Forças Opostas”. Um disco pesado, com sons marcantes para agitar a galera nos shows, mas que também nos convida não apenas a pensar, mas a posicionarmo-nos no lugar devido para alterarmos o equilíbrio das forças em oposição.

roadie-metal.com

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