03. God Above Nothing
04. Highland Ceremony
05. Winged Snake Communion
06. Praxis Against Ignorance
07. Obedientia
08. Rites of Conscience
09. The Carnal Esplendour
10. ...as the Obedient Marches to the Abyss...
LISTEN
Na estrada desde 2006, os cariocas do Dark Tower vão consolidando o seu nome no underground nacional na base da brutalidade e agressividade. Donos de um Black/Death simplesmente devastador, após alguns EP’s e singles, lançaram seu debut, …of Chaos and Ascension em 2013, sendo seguido 3 anos depois pelo ótimo Eight Spears. Agora, após igual espaço de tempo, retornam com seu 3º trabalho de estúdio, Obedientia, que segundo as palavras da própria banda, “é um manifesto contra essa onda de obediência cega, que assola a sociedade nos dias atuais, e fala de todo tipo de libertação e rebeldia, seja ela espiritual, cultural, sexual e filosófica.”. Impossível não destacar o ótimo trabalho nas letras, que complementam com perfeição a parte musical.
Algo que sempre me chamou a atenção nos trabalhos da banda, é o salto evolutivo que dão entre um lançamento e outro. Quando você pensa que não tem como melhorar, eles vão lá e mostram que você estava equivocado. Com Obedientia isso não é diferente. Se no álbum anterior havia ocorrido um recrudescimento de sua sonoridade, com doses menores de melodia, aqui elas voltam a dar as caras, e com ótimos resultados. Isso se dá muito pelo fato de terem trazido novas influências para sua música, com mais destaque para o Metal Tradicional. Mas não pense que isso significa que seu Black/Death se tornou menos bruto e furioso, pois ele continua ali, intocado e destruindo pescoços alheios, assim como aquela crueza que marca a banda. As citadas melodias aparecem, principalmente, nos solos, que estão simplesmente espetaculares aqui, e em algumas passagens mais cadenciadas.
Os vocais de Flávio Gonçalves continuam sendo um dos pontos altos do trabalho do Dark Tower, com aquela boa variação entre o rasgado e o gutural, que evita que os mesmos se tornem maçantes. Em contrapartida, as vocalizações limpas do baixista Rodolfo Ferreira, que eventualmente surgiam em uma ou outra canção, não aparecem em momento algum aqui. As guitarras de Raphael Casotto e Rafael Morais mais uma vez soam afiadíssimas, entregando não só ótimos riffs, como belíssimos solos, com boas cargas de melodia. Quanto a parte rímica, com Rodolfo e o baterista estreante, Rômulo Grilo, mostram muita coesão, peso e técnica, dando boa variedade as canções.
Após uma breve e sombria introdução, intitulada “Punishment”, surge a caótica e veloz “Downfall”, carregada de um peso opressivo, energia e um ótimo refrão. O álbum tem sequência com a bruta “God Above Nothing”, com seus ótimos riffs e potencial de destruição em massa de tímpanos mais delicados. É o epítome do caos. “Higland Ceremony” é uma curta vinheta que serve de introdução para mais uma faixa destruidora, “Winged Snake Communion”, onde os destaques ficam pelo peso e pelas boas melodias oriundas do Metal Tradicional que as guitarras nos entregam. “Praxis Against Ignorance” alterna muito bem passagens mais cadenciadas e melódicas com outras mais ríspidas e recheadas de riffs cortantes, além de possuir uma aura mais sombria, características também presentes na ótima Obedientia, com sua brutalidade e um belíssimo solo de guitarra. A áspera “Rites of Conscience” traz boas melodias, um trabalho de guitarras que resvala levemente no Thrash, sendo seguida por “The Carnal Esplendour”, um Caterpillar 797F sem freio, descendo uma ladeira, em forma de música, tamanho o atropelo. Franca, grosseira e agressiva. Encerrando, para contrapor com todo o peso e raiva que escutamos, a curta, serena e melódica instrumental “…As the Obedient Marches to the Abyss…”.
A produção foi realizada pela banda e por Rômulo Pirozzi (Ágona, As Dramatic Homage, Hatefulmurder, Vociferatus), sendo que este também foi o responsável pela mixagem. Já a masterização ficou novamente nas mãos do ex-Rotting Christ Giorgos Bokos (Melechesh, George Kollias, Unearthly). O resultado é muito bom, já que deu a clareza necessária ao Black/Death da banda, mas sem tirar sua crueza, peso e organicidade. Já a capa e a parte gráfica, ambas belíssimas, foi obra do baixista Rodolfo Ferreira. Mantendo o seu viés evolutivo e de crescimento, o Dark Tower conseguiu superar seu ótimo trabalho anterior, e mostrando estar mais que pronta para assumir uma posição entre os principais nomes do underground brasileiro. Um dos melhores álbuns nacionais de 2019.
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