Gênero: Death Metal, Christian Metal
1) Wrekage (Intro) (instrumental)
2) Infernum Brothel
3) Worm in My Brain
4) Bleeding Alone
5) Grave of Desire
6) Pentecostal Insanity
7) The Keys of Hell
8) Red Flag
9) Great Terror
10) Catacomb
11) Mirror of Ilusion
Boa parte das bandas brasileiras almeja o mínimo de reconhecimento, além do espaço para apresentar seus respectivos trabalhos ao público com a intenção de conquistar uma média de fãs que possa contribuir para a continuação da trajetória de cada uma dessas bandas. Quando o assunto foge das principais capitais pertencentes ao país, isso se agrava ainda mais, o que torna o caminho um bocado mais difícil e intenso para quem reside em lugares mais distantes e com menos holofotes. Porém, para quem gosta de garimpar sons dos mais longínquos locais é bastante comum se deparar com bandas oriundas da grande Recife, capital de Pernambuco. E este é o caso dos pernambucanos do Implement, que no dia 15 de março de 2019, de forma independente, lançaram o seu esperado álbum de estreia intitulado “Bleeding Alone”. Desde o seu surgimento em 2002, a expectativa para o lançamento do debut era enorme, e finalmente a banda conseguiu seu principal objetivo até o momento. Agora com esse primeiro full length, o Implement pode programar e implementar (fazendo alusão ao seu nome) outras metas e objetivos em sua carreira, principalmente quando os shows retornarem após esse atual pandemônio.
O Death Metal é a lei dentro dos propósitos sonoros do Implement, o que de antemão já alegra quem conhece ao menos um pouquinho algumas bandas desta rica terra. O nordeste do país costuma presentear os seus adeptos com bandas muito promissoras, que por sua vez, apresentam trabalhos de qualidade elevada a ponto de bater de frente com as mais renomadas bandas que você, nobre leitor, possa conhecer. O registro mais importante do Implement até antes deste lançamento era o split album nomeado “Underblood Fest Collection Vol. 1” de 2006, e também conta com a participação das bandas: Antidemon, Against Death, Soterion e Spiritual Live. Junto a esse trabalho aparecem mais quatro split videos. A estreia no certame foi marcada através da demo “Decaptated”, lançada em 2002. E fechando a análise da discografia, também consta o DVD “Order To Kill”, que possui 10 faixas. A última canção é o videoclipe daquela que leva o nome deste mesmo trabalho. Retornando ao álbum a ser analisado aqui, este foi gravado Mr. Prog Studio, mixado e masterizado por Nenel Lucena. Agora que todas as informações foram anunciadas, vamos ligar os motores e fazer essa máquina sonora se movimentar para conferir o produto contido nela.
Os primeiros ruídos apresentam a faixa de introdução chamada “Wrekage”, com sirenes, hélices de helicóptero, e terminando com um voo rasante para entregar de bandeja ao garçom do bordel que distribui a bordoada “Infernum Brothel”. Ao entrar nesse lugar você percebe o quão carregado de sangue e enxofre ele é, sendo que em quase todo momento isso é jorrado aos montes. Como num feixe bem rápido e rasteiro, a faixa acaba em pouco mais de dois minutos. Tempo suficiente para entender a proposta do Implement e suas linhas sonoras prediletas. O power trio de Recife mostra a que veio e aparenta não estar satisfeito apenas com esse belo início em que tantos os vocais quanto o baixo poderoso de Ivan Morderhay produzem uma sequência rápida de agressividade e som cavernoso. Tudo isso somado à guitarra afiada de Oicram e a bateria precisa Angelo Acácio. Já na emenda da fita surgem vermes por toda a parte que infestam os espaços pensantes. O cérebro é o alvo destes seres nojentos e dada a largada para a execução de “Worm In My Brain”, que tanto metaforicamente ou não, é um bom nome para uma música nestes padrões. Sem dar descanso à vítima, o ataque segue em primeiro plano para que não possa dar chance a ela de escapar da pancadaria infernal e absoluta. Os tons sangrentos dos vocais de Morderhay entregam ao ouvinte o mais puro suco com gosto de ferrugem que se possa ter em mente. Ela só é um pouco menos curta que sua antecessora e provoca um equilíbrio importante para o disco até aqui.
As marretadas que racham rochas ao meio, tudo isso provocado pelo baterista Acácio, e ligados às distorções sujas do guitarrista Oicram, chamam o ouvinte para acompanhar o sacrifício executado na faixa-título “Bleeding Alone”. Através desta podemos notar fortes nuances provocadas por bandas como Cannibal Corpse, Incantation, Immolation e mais algumas outras que poderiam cobrir essa linha facilmente. Esta canção é mais longa que as anteriores e ultrapassa os três minutos de duração. Também pode ser notado o cuidado maior para com as suas partes que envolvem trechos bem mais extremos e outros nem tanto. Você pode estar sangrando sozinho após esbarrar em alguma parede cortante ao adentrar este caminho, mas não se preocupe. Seu sangue e valioso por aqui e os solos de Oicram evidenciam muito bem essa questão. O túmulo do desejo abissal é apresentado aos participantes deste ritual sonoro circular. Estamos falando de “Grave Of Desire”, faixa esta que fornece mais artifícios extremos para a trama. Entre blast beats e levadas mais densas, optamos por encontrar o melhor lugar para entrar no mosh e despejar toda aquela energia cativante que ainda existe em nossas almas impuras. Certamente é a canção que carrega um leque maior de características, sendo todas voltadas para o estilo. Um pouco da receita americana e também da sueca para apimentar ainda mais o ambiente é a prova concreta de que o Implement está pronto para construir sua jornada musical país e mundo afora.
A insanidade pentecostal invade o local de batalha para buscar mais uma parcela de seres com mentes fracas e sem memória. “Pentecostal Insanity” chega bem na sua frente e mostra do que é capaz, preservando o que fora confeccionado até então, mas aproveitando para impor seu respeito e mostrar não limitação da banda quanto ao seu som. Com um refrão bem macabro, ela acaba se tornando uma das grandes faixas do disco, e ao terminar com um notório barulho de descarga, a apoteótica jogada do livro nada sagrado encanamento adentro é bastante clara mesmo sem se visualizar qualquer imagem. Dentro desse livro estão as chaves que abrem caminho para ”The Keys Of Hell”, que entrega aos seus asseclas uma introdução muito bem trabalhada com o gongo soando alto e o baixo estalando como as unhas dos gárgulas ao agarrarem as torres dos palacetes. Sem fugir de suas ideias principais, a banda segue de vento em polpa em busca de um lugar ao sol escaldante do inferno flamejante. E isso só faz com que aumente as labaredas sonoras e as torne cada vez mais implacáveis e boas de ouvir. No final temos aqueles últimos segundos de notas mais esticadas até que o volume chegue ao nulo.
Ao erguer a bandeira sangrada nos deparamos com uma faixa que parece alguma composição de Johnny Hedlund e seu fantástico Unleashed. “Red Flag” honra a farda e respeita o mastro que carrega esta bandeira. Ela tremula ao perceber o acabamento primordial provocado pelo trio recifense. Antes do solo de guitarra temos um breve solo de baixo, o que enriquece ainda mais o emaranhado ordenado de som. Extrema do início ao fim, esta “múzga” não permite que o vento cesse e a bandeira não mais termine de tremular. Os solos são um aperitivo importante a mais na canção e são encaixados perfeitamente por Oicram. Já Morderhay, enquanto toca seu baixo como o próprio Hedlund, usa e abusa de suas vozes guturais e seus urros característicos beirando o mapa-múndi do Grindcore e suas subvertentes, além de algumas colheres de chá de Thrash.
O terror assombra as cabeças com as mentes mais frágeis e é para este lugar que mandaremos todas elas. “Great Terror” te leva ao mais profundo abismo da região infernal onde estamos localizados. Os riffs recriam a passagem das mais variadas criaturas que frequentaram esse lugar e que ainda podem voltar para causa um grande terror, seja através da guerra, do crime, ou de alguma porcaria ingerida que você ouviu falar. Tudo isso só serve para estender o tapete negro para a sequência desta aventura apocalíptica. A próxima canção apresenta algo muito diferente... Direto da catacumba amaldiçoada, temos a intro feita por um solo que logo te envolve em um novo combate na violenta “Catacomb”. A partir daí nada do que for mencionado será algum a novidade em questão de mudança ou fatos experimentais. Com exceção da bateria de Acácio que nos mostra alguns fatores que tiram a sensação de estarmos ouvindo a mesma canção em ‘loop’ infinito. A levada é inspirada nas clássicas bandas do estilo e propõe ao ouvinte uma grata experiência ao viajar em suas notas e acordes.
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