1. PestOlogy
2. Here Has No Place for God
3. Fallen Angel
4. Forever Dark Wood
5. Dark Silence of Death
6. Wrath of the Tyrant
7. Into the Front
8. Sadistic Instincts Arise
9. …When Future No Matter
O Black Metal nasceu dos sentimentos mais primitivos do ser humano, com o intuito de cruzar as fonteiras racionais da música, sem se ater a detalhes técnicos e aos tradicionalismos metálicos.
Todavia, aquela vibração sonora poluída e causticante foi dando espaço a uma evolução em diversos caminhos distintos gerando um dos espectros de digressão estílica mais interessantes dentro do Heavy Metal, que permite termos sob um mesmo rótulo, bandas tão diferentes quanto instigantes.
Neste sentido a cena brasileira, além de precursora, possui uma dos conjuntos mais interessantes no mundo atual do Black Metal, que ganha o reforço de peso da banda catarinense Somberland, dona de uma belicosa e blasfema postura anti-cristã.
Nascida na cidade de Criciúma, em 2015, a banda traz à tiracolo uma demo que chamou a atenção da cena, intitulada “Dark Silence of Death” (2016), pela coesão, destreza e personalidade atingida em pouco tempo, e “Pest’Ology” (2017), seu primeiro full lenght chega mostrando que a evolução e amadurecimento seguem em alta rotação, através de passagens instrumentais bem trabalhadas por uma técnica apurada na entropia da agressividade cáustica, e na velocidade bem controlada dentro dos arranjos de seus odiosos hinos anti-religiosos.
Musicalmente a banda não segue a formatação linear Black Metal, inserindo intensidade e envolvência pela técnica harmônica e agressiva do Thrash Metal (confira “Wrath of the Tyrant” e “Sadistic Instincts Arise”), numa torrente de riffs, ora cortantes, ora arrastados, com a marca brasileira do Death Metal, trocando a rispidez inerente ao modo sueco do metal negro (mais evidentes nos vocais infernais de E. Nargoth, também à cargo do baixo) por peso, fato que torna as primeiras faixas, “Pest’ Ology” e “Here Has No Place for God”, impactantes pela imprevisibilidade.
Neste contorno musical, o Somberland cria uma personalidade com significado emocional de ambientação sombria, reverente e diabólica, seguindo a premissa agressiva e imperiosa de nomes como Dissection, Emperor e adjacentes, sem recusar as perversões musicais em faixas como “Fallen Angel” (multifacetada), “Dark Silence of Death” (mais tradicional) e “Into the Front” (moderna e relativamente groovada) que criam um poderoso e esmerado culto às sombras, longe dos circunlóquios musicais ou derramamentos expressivos desnecessários, mesmo que variem sua abordagem de modo inesperado dentro de cada composição.
A produção está precisa para o tipo de música que querem praticar, amplificando seus pontos positivos por timbragens limpas e que permitem escrutinar os detalhes das passagens, em cada um de seus cantos escuros, mas com organicidade suficiente para não deixar de ser causticante, áspero e decadente quando assim o desejarem, mesmo que iluminando alguns rápidos momentos climáticos (como na ótima “Forever Dark Woods”).
O grande trunfo de “Pest’Ology”, além da óbvia habilidade instrumental e conhecimento de causa do quarteto formado por Diavolus (Guitarras), Dmortest (Guitarras), E. Nargoth (Baixo e Vocais), e W.A.G. (Bateria), está no dinamismo bem manufaturado em cada uma das nove composições do sujo, vibrante, e vertiginoso casamento polirrítmico do álbum, cuja energia cativante advém de uma rispidez superlativa e da sobreposição de camadas de peso e velocidade.
Em suma, “Pest’Ology” é um álbum de estréia que mostra consistência, além de oferecer perspectiva para um novo nome forte do tradicionalíssimo Black Metal brasileiro.
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