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sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Heretic - The Errorism - 2016 - Download


Gênero: Progressive Metal 

Disc 1
1. Grounds of Kalinga - instrumental
2. Amlid - instrumental
3. Sumerian Counsel - instrumental
4. Sitar Fusion - instrumental
5. Drown in Apsu - instrumental
6. The Errorism - instrumental
7. Choked in Cicuta - instrumental
8. Mirage - instrumental
9. Trampled by War Elephants - instrumental

Disc 2
1. Summoning the Greek - instrumental
2. Bite the Sand - instrumental
3. Act IV (live) - instrumental
4. Black Genius - instrumental
5. Echoes - instrumental
6. Act I (live) - instrumental
7. Birth of Ashoka - instrumental
8. Ruins (Nile Cover) - instrumental

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LISTEN



Inspirado pelas viagens que o Heretic nos proporciona, percebi que começam a faltar palavras elogiosas em nosso vernáculo para descrever o trabalho da banda. Esse é o seu terceiro disco, ao qual tive acesso na sequência de lançamento e, devo dizer, o contato gradual é sempre mais vantajoso para a absorção de uma proposta. Se tivesse recebido todos simultaneamente, minha ansiedade natural iria atropelar a ordem ideal das coisas e eu escutaria tudo sem pausa. O melhor é a degustação calma, assimilando aos poucos disco por disco.


A primeira percepção em “The Errorism” é a do absoluto domínio que o Heretic exerce sobre a sua arte. A musicalidade da banda alcançou o nível em que não há mais como dissociar as partes que integram a fórmula. Não existe mais a identificação de “esse é o momento metal” e “esse é o momento étnico”. É como se misturássemos, em um mesmo copo, o suco de duas frutas distintas. Você poderá perceber os traços de seus sabores, mas não conseguirá mais separá-las. É uma fusão tão perfeita quanto a que ilustra a belíssima capa, uma das melhores já feitas no Metal nacional.


A embalagem, por sinal, está à altura da obra nela contida. Um digipack de dimensões ampliadas, como se fosse um pequeno livro, apresentando dezessete músicas divididas em dois CDs. Na parte frontal, um aviso aos pais: “Sem letras”! Sim, prossegue-se aqui a diretriz em traduzir, instrumentalmente, a junção do Metal extremo com as influências musicais sauditas, mediterrâneas, do Oriente Médio… Curioso que apenas uma das faixas, “Sitar Fusion”, a única que não é de autoria exclusiva de Guilherme Aguiar Leal, tendo sido composta junto com Bob World, me soou um pouco diferenciada das demais. Seus timbres remeteram meus pensamentos para outra região do mundo, fazendo-me lembrar demasiado do ambiente criado pelas trilhas sonoras de faroestes compostas pelo maestro Enio Morricone.

 
Sim, há outras músicas com autorias distintas, mas essas não estão entre as inéditas: “Act IV” e “Act I” são versões ao vivo de composições do catálogo antigo do Heretic, e “Ruins” é um cover do Nile, retirada do álbum “In Their Darkened Shrines”, de 2002. O líder Guilherme Aguiar cuidou da produção e tocou guitarra, além de cítara, sarangi, sax, flautas e teclados, entre outros instrumentos tradicionais. Tocou também o baixo fretless, mas essa função foi dividida com seus parceiros habituais Fifas Rules e Laysson Mesquita. Os solos de guitarra ficaram por conta de Luis Maldonalle, com uma participação de Moyz Henrique na primeira faixa.


E “Grounds Of Kalinga” é essa faixa. Carregada de variações, a música alterna momentos de peso com passagens mais suaves, onde influências de Jazz Fusion, na linha Weather Report, se fazem presentes. Laysson Mesquita é o responsável pelos graves aqui, com linhas variadas e criativas, tal qual repete no seu desempenho em “Summoning The Greek”, que abre o segundo disco com o mesmo nível de vibração.


Falar de músicas como “Amlid”, “The Errorism”, “Trampled By War Elephants”, “Bite The Sand” e outras, seria tentar repetir o que já descrevemos, apenas usando palavras diferentes. No entanto, é necessário apontar, em especial, as linhas soladas de Fifas Rules em “Sumerian Consuel” e “Choked In Cicuta”; o clima de mercado árabe de “Echoes”, onde a presença do Weather Report pode ser novamente identificada; e a ambiência quase New Age de “Birth Of Ashoka”. “The Errorism” é um trabalho realizado por artistas brasileiros, ligados ao Heavy Metal, mas que ousaram ampliar o seu vocabulário para além das raízes europeias do estilo. E, a cada novo lançamento, eles demonstram que possuem propriedade e conhecimento para adentrarem nos universos que exploram, proporcionando-nos um amplo leque de sons, ritmos e cores desse cenário. Resta-me prosseguir na assimilação dos territórios que aqui estão expostos, aproveitando para os conhecer a fundo. Ambientar-me e preparar-me, pois, em um próximo disco, já posso crer que outros lugares, outros desertos, outras caravanas serão descortinadas.

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