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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Freakeys - Freakeys - 2006 - Download


Gênero: Progressive Metal

01 - One Cup One Lighter One Jack
02 - Beetle Dance
03 - The Dream Seller
04 - Golden Bullet
05 - Gallamawhat?!
06 - Zoo Zoe
07 - Freakeys
08 - One More Coffee
09 - Requiem Aeternam
10 - Rucula 'N' Rum


LISTEN



Projeto capitaneado pelo tecladista Fábio Laguna e contando com a participação de 2 outros membros da banda Angra, Aquiles Priester (bateria) e Felipe Andreoli (baixo), além do guitarrista Eduardo Martinez (Hangar), o Freakeys acaba de lançar seu disco de estréia, homônimo, caracterizado por um metal progressivo instrumental bem na linha do ótimo Liquid Tension Experiment.


Além de uma incessante agenda de gravações e subseqüentes turnês do próprio Angra (que está para lançar seu novo petardo, "Aurora Consurgens"), seus integrantes ainda encontram tempo para um sem-número de projetos paralelos: Karma, Hangar, mais os discos solo de Kiko Loureiro e Eduardo Falaschi, e agora o Freakeys (e isso não é tudo, pois vem o Vox por aí). O tecladista Fábio Laguna aqui assume o principal papel, sendo compositor de todas as faixas e produtor do CD em questão. Mas isso não diminui o papel dos demais protagonistas, que têm bastante destaque nas performances, sendo inclusive co-responsáveis pelos arranjos e pela produção em si. O nome "Freakeys" advém da aglutinação dos termos "freak" (excêntrico, estranho) e "keys" (teclas"). É bom lembrar que esse trabalho seria originalmente um disco solo de Fábio, que entretanto ganhou uma cara de disco de banda após a crescente participação dos músicos convidados a se juntar.


A semelhança estilística entre o Liquid Tension Experiment e o Freakeys é algo que salta aos olhos numa primeira análise, e a banda certamente não negará a influência, mas que isso não seja lido de forma alguma como uma acusação de puro plágio. A fórmula básica é a mesma que havia no LTE, onde 3 membros eram do Dream Theater (Mike Portnoy, John Petrucci e Jordan Rudess – tendo este último se juntado na realidade após os trabalhos com o LTE), mais um "de fora", o baixista virtuose Tony Levin (King Crimson, Peter Gabriel). No Freakeys, como mencionado são 3 integrantes do Angra (Andreoli, Priester e Laguna), mais o guitarrista Eduardo Martinez, que pertence à banda Hangar, da qual também participam Priester e Laguna. Se a estrutura musical básica e uma análise empírica possam sugerir tal similaridade, uma audição mais cuidadosa nos mostra diferenças grandes. No Freakeys a tecladeira de Laguna é o óbvio destaque, com a guitarra em segundo plano como instrumento solista (no LTE, ocorre exatamente o contrário). A adição eventual de sutis elementos de música brasileira é obviamente também um diferencial. Assim como uma auto-indulgência mais sob controle, algo altamente saudável por sinal.


"cozinha" do Angra está mais brilhante do que nunca neste trabalho, e é difícil de se imaginar que eles consigam reproduzir ao vivo tamanha destreza técnica e descomunal esforço físico (mas conseguem, como ficou claro para quem acompanhou as recentes performances de estréia do Freakeys na feira Expomusic 2006, em São Paulo). Aquiles Priester mostra ao mesmo tempo uma garra impressionante e um peso inigualável (até mesmo comparando com os discos do Angra), num trabalho vibrante que mantém o seu característico estilo nos 2 bumbos, adicionando porém uma variadíssima técnica nos ton-tons (repare na música de abertura, "One Cup One Lighter One Jack") e se dando ao luxo de pequenas sutilezas que podem passar despercebidas a um ouvinte mais desatento (o que pode ser notado nas músicas "Golden Bullet" e "Gallamawhat?!", por exemplo, em meio ao intenso turbilhão sonoro). Felipe Andreoli se alterna entre bases sólidas que preenchem totalmente o espaço que lhe é destinado, se permitindo porém em determinados momentos adicionar pequenas firulas muito bem inseridas nos arranjos. Isso sem falar nos seus pequenos solos, de extremo bom gosto, em músicas como a de abertura, mais "Zoo Zoe" e "Requiem Aeternam". Em mais uma referência ao LTE, o seu baixo nos remete a Tony Levin na faixa "Beetle Dance", pesado e climático.


Já Fábio Laguna nos brinda com uma gama de timbres e sonoridades distintas, todas sem exceção bem selecionadas, e muito bem colocadas nas músicas. Emula em seus teclados digitais sons de órgão, clavicórdio, piano, sintetizadores analógicos, e até mesmo um piano "honky tonk" – no melhor estilo Keith Emerson, do ELP – e ainda um acordeon (na ótima "Zoo Zoe", uma das melhores do disco, onde levam um baião em determinado momento). Ou ainda um cravo, na também excelente faixa-título. Laguna inseriu ainda entre as músicas pequenos interlúdios que fazem a ponte entre os diferentes temas, de forma a criar uma fluência bastante natural entre as diferentes composições. Seus solos são sempre muito bem colocados, usando de velocidade e técnica apenas quando pertinente, mas sabendo criar também climas melódicos (repare por exemplo em "Beetle Dance"), o que adiciona uma totalmente necessária dinâmica ao disco, extremamente essencial para esse tipo de som intenso, caracterizado por uma incrível e interminável profusão de notas e acordes.


O guitarrista Eduardo Martinez mostra um estilo pesado e sujo, mas ao mesmo tempo com notas definidas e claras. Sua característica própria se diferencia dos guitarristas do Angra, o que é ótimo pois dá uma identidade única ao Freakeys. Em algumas faixas, os arranjos deram um merecido destaque ao seu trabalho, como em "The Dream Seller".


O mais difícil é se selecionar músicas favoritas, pois trata-se de um disco muito coeso, daqueles em que cada um tem as suas próprias escolhas. Nas minhas primeiras audições, eu poderia citar como destaques as 2 primeiras músicas (arrebatadoras logo de cara), mais "Gallamawhat?!", "Zoo Zoe", "Freakeys", e ainda a mais calma do CD, "Requiem Aeternam", que ajuda na mencionada dinâmica, ao dar um certo tempo para o ouvinte respirar. Por sinal, se outra música com um andamento um pouco mais lento e melodias mais marcantes houvesse sido incluída como terceira ou quarta faixa, o disco ganharia nesse quesito (e talvez somente por isso minha nota seja 9 e não 10!).


Não ache que o Freakeys soa como um "Angra instrumental". Sua identidade é própria, e o que é melhor, ótima. Altamente recomendável!

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